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quinta-feira, 19 de maio de 2011

A Política, a Representatividade e as ações inibidoras do Poder


É comum pessoas criticarem os “políticos” e a política. Uns fazem críticas por desconhecimento de causa. Outros fazem a crítica para tirar proveito da despolitização.
Atualmente se discute o número de vereadores< Os contrários ao aumento de vereadores nas câmaras municipais são a grande pode econômico, a mídia e os políticos oportunistas. É preciso debater com maior profundidade, pois além de tratarmos a política com mais responsabilidade, precisamos debater a representatividade e participação da sociedade.
Afinal, o que é política?
Vamos buscar nos livros e na história a definição do que é política. O termo política é derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), que indicava todos os procedimentos relativos à polis, ou o que na época se constituía em Cidade-Estado. É da palavra polis que derivaram palavras como "politiké" (política em geral) e "politikós" (dos cidadãos, pertencente aos cidadãos), que se estenderam ao latim "politicus" e chegaram às línguas européias modernas através do francês "politique" que, em 1265 já era definida nesse idioma como "a ciência do governo dos Estados".
Nos regimes democráticos contemporâneos, a ciência política é a atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto e ou com sua militância.
É preciso compreender que todas as pessoas que se ocupam de atividades públicas fazem política. Assim a participação numa associação de moradores, numa ONG ambiental, numa pastoral da Igreja, numa entidade de classe, etc. é uma ação política. Dentro da concepção democrática em que estamos inseridos, não é dos “políticos” a prerrogativa de fazer política, mas de cada cidadão que se ocupa da coisa pública e do bem comum.
Quem tem interesse na despolitização da sociedade e na não participação?
Aqui cabe uma reflexão mais aprofundada sobre a política. O poder econômico e a grande mídia, principalmente, e alguns partidos políticos, “ensinam sutilmente e permanentemente” em suas opiniões e informações que a política seria exclusividade dos políticos, de uma elite iluminada. A revolta de muitos que se expressa em: “eu odeio a política”; “os políticos todos são corruptos, são todos iguais”,etc. é essência do processo de despolitização e da não participação.
A construção destes pensamentos que permeiam o senso comum só tem o objetivo de afastar a sociedade da política como ela realmente deveria ser: um espaço de ampla participação.
Vereadores, deputados, senadores, nada mais são do que pessoas eleitas que devem (deveriam) representar a sociedade ou setores dela na defesa dos interesses comuns. Entretanto, o que se pratica é a defesa de interesses individuais e corporativos. Novamente a mídia e muitos partidos políticos reforçam esta tese ao personalizar a política. Assim, o eleitor apenas “vota na pessoa” e não participa. Quando este cidadão precisa de algo procura seu eleito e tenta resolver.
Quando surgem situações de interesse comum, poucos são os políticos eleitos que se envolvem de fato na busca das soluções que a sociedade precisa. O grande problema está em parte dos representantes que a própria população elege. Os favores individuais, as compras veladas de votos são os motores da despolitização e da não participação.
Mais vereador adianta?
Atualmente se debate em muitas cidades o aumento do número de vereadores que a constituição regulamentou em 2009. A mídia e entidades conservadoras imediatamente se colocam contra. Novamente na carona da notícia fácil alguns políticos e partidos fazem o mesmo discurso. É impressionante como se “esconde” do senso comum a verdade por inteiro. “Aumento de vereadores é aumento de despesas”; “Nós precisamos de melhores vereadores e não de mais vereadores”. Afinal o que estão escondendo?
São dois pontos que precisamos debater: o primeiro é a representatividade. Menos vagas de vereadores, significa maior facilidade de eleger aqueles que têm poder econômico; significa que comunidades menores, movimentos sociais e de classe não conseguirão sua representação na câmara municipal. Significa também que decisões importantes sobre a vida das pessoas ficarão na mão de poucos Não aumentar o número de vereadores é impedir a participação da sociedade. O segundo ponto é a economicidade, ou seja, haveria economia para os cofres públicos. Mentira! O fato é que, com menos vereadores sobrarão muito mais recursos para salários maiores, mais assessores e novas mordomias para o número atual de vereadores. O que não se explica à sociedade é que uma câmara de vereadores tem recursos garantidos pela constituição e que são limitados a um percentual de acordo com a receita do município. Não tendo mais vereadores, sobra mais para a minoria que lá está. Portanto, aumentar o número de vereadores democratiza ainda mais os recursos públicos.
Se a política é a ciência que trata da participação, nós deveríamos ampliar ao máximo possível o número de vagas, para garantir que toda sociedade lá se faça representar. Mesmo que, para isso, seja necessário baixar salários do vereador, reduzir assessorias e mordomias.
Mas, você pergunta: por que alguém teria interesse em impedir maior participação?
A grande mídia se constitui num poder que é o grande braço do poder econômico e uma maior representatividade da comunidade em parlamentos pode significar rupturas.
Com mais participação, se diminui a manipulação e o controle da opinião pública, se modificam costumes, se mudam idéias.
Menos participação e menos consciência
Os grandes grupos empresariais da comunicação como o Grupo Folha, o Globo, o Estado de São Paulo, a Veja, a RBS tem objetivos claramente econômicos, de obter lucro. Promove a moda, a banalização da família, a sexualidade consumista. Por outro lado se fingem de moralistas do dinheiro público e dos valores morais. São estes meios que propagam idéias, através de suas novelas, programas, artigos e especialistas, promovendo o consumismo, o fisiologismo, o clientelismo e a corrupção. É a forma que eles utilizam para desconstruir os valores morais, as idéias de solidariedade e as propostas de uma sociedade mais justa e igual.
Ouso em questionar: por que uma novela não se ocupa de difundir valores cristãos? Por que, nos horários nobres, não se debate a questão da violência, da droga ou se mostra experiências vitoriosas nestas áreas? O debate, a participação e a difusão de valores não torna a pessoa consumista e individualista e algum “patrocinador” vai deixar de auferir lucro.
A grande mídia, parte visível deste poder, propaga seus próprios valores: o individualismo e a pseudo solidariedade (para tranqüilizar a consciência se faz campanhas); o consumismo e a pseudo felicidade do ter; o fisiologismo e a pseudo relação de ser e o clientelismo e a com defesa apenas dos seus. Um valor para estes também é a corrupção (que dizem combater). Entretanto ao analisar o que propagam percebemos que eles nos propõem a lei de sempre levar vantagem a qualquer custo; promovem a intimidação de pessoas e entidades e o sensacionalismo jornalístico com manchetes e notícias cujo conteúdo julga, criminaliza ou classifica. Transformam a vida de pessoas em verdadeiros infernos sem o menor pudor. São estes valores que estão presentes também na política.
A Participação derruba qualquer ditadura
A popularização da internet através das redes sociais está derrubando ditadores e quebrando esta lógica perversa. Qualquer cidadão que tem acesso a internet pode ter seu blog, seu microblog e dar notícias e ainda emitir opinião. Pela internet qualquer cidadão pode participar. Os números da audiência do IBOPE e a queda nas tiragens dos grandes jornais mostram uma pequena, mas consistente mudança, pois as pessoas podem participar democraticamente.
As pessoas querem participar, querem opinar e se possível decidir. Esta é a lógica do momento. Por que então ainda insistir em direção contrária, sendo contra o aumento de vereadores em nossas cidades, por exemplo?
Participar é dar uma parte de si em benefício de um todo. Que se reduzam os salários e as mordomias das atuais câmaras de vereadores e que se permita a PARTICIPAÇÃO mais ampla da sociedade.
 Vocabulário
Fisiologismo é um tipo de relação de poder político em que as ações políticas e decisões são tomadas em troca de favores;
Clientelismo é um sub-sistema de relação política, com uma pessoa recebendo de outra a proteção em troca do apoio político;
Corrupção manifesta-se por meio do suborno, intimidação, extorsão, ou abuso de poder.

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