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quinta-feira, 3 de maio de 2012

A Política de políticos e a Política da sociedade


Estamos em ano eleitoral e aflora em todos a discussão em torno da política e dos políticos.
Para a sociedade, os políticos são os responsáveis por tudo que mexe com a vida das pessoas. De fato, em linhas gerais, quem define os caminhos da economia, saúde, educação, etc, são as decisões políticas tomadas pelos governos. Esta mesma sociedade cobra dos políticos resultados e questiona suas atitudes. E a sociedade está correta em fazê-lo.
Até este ponto, nenhuma novidade e tudo dentro de uma normalidade lógica.
As divergências aparecem quando notícias de corrupção, fisiologismo, clientelismo e outros “ismos” mais aparecem. A sociedade se exime de qualquer culpa e aponta o dedo na direção dos políticos, sem fazer a devida distinção. O que mais impressiona é que os favorecidos pelos “ismos” e pela corrupção sempre são membros da sociedade. Felizmente vem sendo descobertas e combatidas a corrupção e os “ismos”. Na companhia dos políticos corruptos, temos empresários, comerciantes, advogados, enfim a sociedade representada. Nos casos de fisiologismo, clientelismo e nepotismo, as pessoas favorecidas sempre são ligadas a sociedade e quase sempre, a “mais esclarecida”.
Então concluímos que a sociedade e os políticos se confundem e se entrelaçam. Vou além, os políticos são o retrato da sociedade, pois, como somos uma democracia é a sociedade que elege os políticos.
Para melhorar a qualidade dos políticos eleitos pela sociedade, precisamos que a sociedade tenha algumas atitudes durante a escolha de seus candidatos.
Quem está na política como candidato já ouviu as seguintes frases:
“Olha, lá em casa em tenho 11 votos e quero saber o que você vai me arrumar pra gente votar em você” (Sr. José dos Votos);
“Sabe, to encostado e to precisando de uma ajudinha pra cobrir o meu barraco. São só 30 telhas de eternite e quem me ajudar pode confiar eu e a família votamo nele” (João do Pedicho);
“Ah só aparece em tempo de eleição, né? Nesse ano já decidi, vou anular o voto... mas, se me ajeitar o IPTU que tá atrasado eu até voto” (Zé da Barganha)
Já as pessoas ligadas a sociedade dita mais esclarecida, tem estas máximas:
“Nós aqui em casa já decidimos: vamos te apoiar! Mas, a Nitinha que se formou em jornalismo precisa trabalhar. Então, se você me garantir uma vaguinha pra ela, fechamos com você” (Dr. Causa Própria);
“Nós vamos te ajudar. De quanto você precisa? Fechamos desde que você se comprometa em nos dar o contrato dos serviços de limpeza” (Sr. Garante Contrato).
Também conhecemos histórias inversas, a de políticos que oferecem favores e favorecimentos, como expressam as frases:
“O que é que vocês estão precisando? Ah, um emprego? Te arrumo já, mas vou precisar saber onde todos da família votam...” (Vereadora Empregatícia da Silva);
“Remédio, consulta, exame... só isso que vocês precisam? Tá, procurem na secretaria a fulana de tal que ela vai resolver” (Vereador Salvador da Saúde);
“Soube que o IPTU de vocês tá atrasado. Se vocês me ajudarem eu dou um jeitinho, pode ser?” (Vereador Impostinho Resolvido)
As frases acima relatadas são a realidade enfrentada por políticos candidatos e pela sociedade durante a campanha eleitoral. Se o político sucumbir aos pedidos e apelos, estará infringindo a lei, se corrompendo, mas terá chances reais de se eleger. Caso o político se negue a fazer, sua eleição se torna muito difícil. Já a sociedade – fique claro que é parte dela – tira proveito pessoal.
Enquanto a sociedade persistir com as práticas relatadas, seus políticos não serão diferentes. Os políticos diferentes precisam de uma sociedade diferente para realizar a verdadeira mudança. E você, se enquadra em qual tipo de  cidadão?

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