Estamos em ano eleitoral e aflora em
todos a discussão em torno da política e dos políticos.
Para a sociedade, os políticos são os
responsáveis por tudo que mexe com a vida das pessoas. De fato, em linhas
gerais, quem define os caminhos da economia, saúde, educação, etc, são as
decisões políticas tomadas pelos governos. Esta mesma sociedade cobra dos
políticos resultados e questiona suas atitudes. E a sociedade está correta em
fazê-lo.
Até este ponto, nenhuma novidade e tudo
dentro de uma normalidade lógica.
As divergências aparecem quando
notícias de corrupção, fisiologismo, clientelismo e outros “ismos” mais aparecem. A
sociedade se exime de qualquer culpa e aponta o dedo na direção dos políticos,
sem fazer a devida distinção. O que mais impressiona é que os favorecidos pelos
“ismos”
e pela corrupção sempre são membros da sociedade. Felizmente vem sendo
descobertas e combatidas a corrupção e os “ismos”. Na companhia dos políticos
corruptos, temos empresários, comerciantes, advogados, enfim a sociedade
representada. Nos casos de fisiologismo, clientelismo e nepotismo, as pessoas
favorecidas sempre são ligadas a sociedade e quase sempre, a “mais esclarecida”.
Então concluímos que a sociedade e os
políticos se confundem e se entrelaçam. Vou além, os políticos são o retrato da
sociedade, pois, como somos uma democracia é a sociedade que elege os
políticos.
Para melhorar a qualidade dos políticos
eleitos pela sociedade, precisamos que a sociedade tenha algumas atitudes durante
a escolha de seus candidatos.
Quem está na política como candidato já
ouviu as seguintes frases:
“Olha, lá em casa em tenho 11 votos e
quero saber o que você vai me arrumar pra gente votar em você” (Sr. José dos
Votos);
“Sabe, to encostado e to precisando de uma
ajudinha pra cobrir o meu barraco. São só 30 telhas de eternite e quem me
ajudar pode confiar eu e a família votamo nele” (João do Pedicho);
“Ah só aparece em tempo de eleição, né? Nesse
ano já decidi, vou anular o voto... mas, se me ajeitar o IPTU que tá atrasado
eu até voto” (Zé da Barganha)
Já as pessoas ligadas a sociedade dita mais
esclarecida, tem estas máximas:
“Nós aqui em casa já decidimos: vamos te
apoiar! Mas, a Nitinha que se formou em jornalismo precisa trabalhar. Então, se
você me garantir uma vaguinha pra ela, fechamos com você” (Dr. Causa Própria);
“Nós vamos te ajudar. De quanto você precisa?
Fechamos desde que você se comprometa em nos dar o contrato dos serviços de
limpeza” (Sr. Garante Contrato).
Também conhecemos histórias inversas, a de
políticos que oferecem favores e favorecimentos, como expressam as frases:
“O que é que vocês estão precisando? Ah, um
emprego? Te arrumo já, mas vou precisar saber onde todos da família votam...”
(Vereadora Empregatícia da Silva);
“Remédio, consulta, exame... só isso que
vocês precisam? Tá, procurem na secretaria a fulana de tal que ela vai resolver”
(Vereador Salvador da Saúde);
“Soube que o IPTU de vocês tá atrasado. Se
vocês me ajudarem eu dou um jeitinho, pode ser?” (Vereador Impostinho
Resolvido)
As frases acima relatadas são a realidade
enfrentada por políticos candidatos e pela sociedade durante a campanha
eleitoral. Se o político sucumbir aos pedidos e apelos, estará infringindo a
lei, se corrompendo, mas terá chances reais de se eleger. Caso o político se
negue a fazer, sua eleição se torna muito difícil. Já a sociedade – fique claro
que é parte dela – tira proveito pessoal.
Enquanto a sociedade persistir com as
práticas relatadas, seus políticos não serão diferentes. Os políticos
diferentes precisam de uma sociedade diferente para realizar a verdadeira
mudança. E você, se enquadra em qual tipo de
cidadão?
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