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domingo, 22 de janeiro de 2012

Histórias que arrepiam os pensamentos


Resolví tornar público e disponível para todos, uma série de histórias que escrevi, estou escrevendo e vou escrever ainda.
São histórias de uma cidade, que fica abaixo do trópico de Capricórnio, numa das mais belas regiões do sul do mundo. Quero alertar aos leitores e as leitoras que, qualquer semelhança com fatos ou acontecimentos da realidade pode ser apenas coincidência real.

O voto da Formiguinha

Eram tempos de eleição. Havia certo cidadão muito viajado, filho da pequena elite proeminente que estudou profundamente os desejos e necessidades dos eleitores mais pobres e o formato do processo eleitoral da época.
Percebeu que com a ajuda de uns poucos cidadãos de sua confiança seria possível se tornar vereador, mesmo não tendo carisma ou projeto para tal. Era um desejo pessoal e a intenção da elite em garantir o comando da cidade.
Para ser o vereador de uns 200 ou 300 votos. Mas como conquistá-los? Astuto, resolveu comprar os votos e para isso montou o seu esquema: o voto formiguinha.
Bastou saber que um parente e outro amigo do peito seriam os “Presidentes de duas mesas de Recepção de Votos”, foi muito fácil montar o esquema.
Naquele tempo as cédulas eram de papel e todo material eleitoral (cédulas, urna, carimbos, listas de presença, etc) chegavam às mãos do presidente da mesa eleitoral dois dias antes. Era perfeito. Com a ajuda dos dois presidentes e seus mesários da seção eleitoral - todos conhecidos e amigos - foi fácil conseguir algumas cédulas eleitorais em branco, mas devidamente rubricada pelas autoridades da mesa receptora. Além disso, teve acesso a relação dos eleitores da respectiva seção eleitoral. Assim ficava fácil procurar entre 400 ou 500 pessoas (duas sessões eleitorais) aquelas que aceitariam uma “ajudinha” em dinheiro em troca do voto.

Mas como funciona?
A cédula em branco era preenchida com o nome do dito candidato e seu número e também do candidato a prefeito, neste caso do gosto do eleitor. O cabo eleitoral abordava o eleitor previamente escolhido e oferecia certa quantidade em dinheiro (sempre de acordo com o nível de pobreza) se o mesmo trouxesse de volta da urna a cédula em branco. Dentro da seção eleitoral, o eleitor ia até a cabine, fazia de conta que votava, mas na verdade trocava a cédula preenchida pela cédula que recebera para votar em branco e já rubricada.
Desta forma a cédula preenchida caia na urna e o processo do Voto formiguinha podia continuar funcionando durante todo o dia da eleição. Os faladores da época que acompanharam a façanha do voto formiguinha garantem que pelo menos 170 votos foram comprados e o referido cidadão elegeu-se vereador. Ah, quem é ele? Só conto se ele voltar a se candidatar um dia.
Esta é mais uma história, cuja semelhança com fatos ocorridos e nomes mencionados deve ser considerada mera coincidência real
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