Vou tentar
escrever sem ser dominado pela revolta, ou por um julgamento precipitado ou
pela indignação.
O que esteve
e está em jogo são vidas de pessoas. Quero, e rogo a Deus que me ilumine, para
que as minhas palavras não machuquem pessoas, mas alertem, façam pensar.
Vou discorrer sobre um acontecimento que ainda está mexendo comigo e com a minha família. Noite de Sábado, 29 de março de 2014 quando eu, minha esposa Yara, minha filha Marta e minha sogra Regina seguiamos pela Av. Cirino Adolfo Cabral em direção a Praça Central da praia de Navegantes. Nosso destino era a lanchonete da Marina. Yara dirigia e como não encontrou lugar para estacionar em frente a lanchonete, seguiu em frente para fazer um retorno. Ela, na direção, não costuma fazer improvisos, mas naquela noite, naquele instante por inspiração Divina, resolveu improvisar. Ao chegar a lombada (antes da confluência da avenida da praia com a Av. João Sacavem), entrou num estacionamento e foi manobrando para retornar, mesmo ali não sendo local adequado para tal. Passou neste instante por nós uma caminhonete Tucson (Placas de Guabiruba), que trinta metros a frente colidiu na traseira esquerda do Golf preto. Eram exatamente 19h38. A colisão resultou num acidente que vitimou uma jovem e colocou outra em estado gravíssimo no hospital. O Golf vinha pela Av. João Sacavem, em alta velocidade, segundo o que apurou a perícia a 160 km/h, ao ser tocado pela Tucson, voou e rodopiou sobre os equipamentos de ginástica da praça, caindo em cima das duas mulheres. Para se ter uma ideia, o impacto foi tamanho que arrancou as rodas traseiras do Golf.
Os poucos segundos entre a decisão da Yara de não seguir em frente salvou nossas vidas, pois seria o nosso Siena que seria atingido e não a Tucson.
O que dizer?
Deus nós brindou com a vida mais uma vez, pois nosso carro não tem os itens de segurança que a caminhonete. Além disso, chegaríamos alguns segundos antes e diferente da tucson que tocou no Golf que já passava, nós seriamos atingidos em cheio pelo veiculo causador da tragédia.
Poderia ser outra pessoa
Sim, poderia ser outra pessoa no lugar do Caio (motorista do Golf), poderia ser outra pessoa no lugar das duas mulheres atingidas. Poderia ser outro veiculo que não a Tucson (graças a Deus, com o casal que estava na caminhonete nada aconteceu). Sim, poderia ser qualquer um de nós. Mas, não, nós aqui estamos testemunhando esse fato da história e nos perguntando por quê?
Sempre buscamos um culpado e já estabelecemos o veredicto:
Um argumenta:
o motorista é culpado, até foi preso por embriagues;
Outro
responde: não ele não, pois tem problemas mentais, a culpa é de quem duplicou a
avenida.
Um terceiro
se alvoroça: é culpa de quem deu a carteira ao rapaz;
É preciso ter muito mais serenidade num momento como estes, pois a justiça precisa ser feita, mas mais do que isso, precisamos evitar situações semelhantes no futuro.
Apenas quero e preciso fazer um registro. Entre essa tragédia que eu vivi como testemunha ocular, preciso enaltecer a rapidez dos serviços de emergência – SAMU, Bombeiros e Polícia Militar. Eu liguei para os bombeiros às 19h39, telefone ocupado. As 19h40 fui atendido pelo SAMU (Serviço Móvel de Urgência) que, de pronto informou que os bombeiros já estavam a caminho. Passado mais três minutos chegou a primeira equipe dos bombeiros e uma viatura da Polícia Militar. Sem demora se puseram a trabalhar para tentar salvar a vida das duas jovens presas embaixo do Golf já sem os rodados traseiros.
Para o Caio e sua família, que também devem estar sofrendo eu peço que contribuam para que nossos jovens respeitem as leis de trânsito, as normas de segurança e se amem de verdade, afastando de si tudo aquilo que pode causar o mail.
Para os familiares das duas jovens mulheres só posso desejar CORAGEM, pois é muito difícil perder alguém desta forma. Sei do que falo, pois meu pai Guilherme também perdeu a vida em um acidente.
Para o casal de Guabiruba que estavam na Tucson digo, com certeza, o fato de vocês terem tocado no Golf evitou uma desgraça ainda maior, pois o Golf iria invadir a praça, talvez capotar e outras vitimas seriam inevitáveis.
Para quem presenciou o evento, como eu e a minha família, que sirva de alerta. Nós precisamos chamar a atenção, denunciar as imprudências e orientar nossos jovens com mais convicção.
A vida é uma só, é um dom de Deus e precisa ser vivida com responsabilidade a serviço do próximo. Quem não vive para servir ao próximo pode não servir para viver.
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